quarta-feira, janeiro 16

This is the way you left me.This is the way I left you.

- Ele não mora mais aqui.
Desligou o telefone sem saber ao certo se aquela sensação esquisita que sentia vinha do susto de, inesperadamente, ter escutado aquele nome, ou da lembrança de uma parte sua saindo pela porta, naquele sábado pela manhã, com as malas lotadas, pesadas, repletas dos restos de uma convivência de muitos anos.
Então é assim que vai ser daqui pra frente. Ele não mora mais aqui. Ele não mora mais aqui. Vou ter que aprender a viver com isso. Ele não mora mais em mim. E eu não moro mais nele.

- Eu não moro mais lá.
Pediu licença, queria apenas sair dali, não sabia ao certo se aquele sentimento que o torturava no momento era devido ao constrangimento de ter que admitir, enfim, aquela verdade, ou se vinha do peso que ainda sentia daquelas malas carregadas com dificuldade naquele sábado pela manhã, malas essas que levavam - e, ao mesmo tempo, deixavam para trás - o que sobrou de uma convivência de muitos anos.
Então é assim que vai ser daqui pra frente. Eu não moro mais lá. Eu não moro mais lá. Vou ter que aprender a viver com isso. Eu não moro mais nele. E ele não mora mais em mim.

Eu não moro mais em mim.
Eu não moro mais em mim.

2 comentários:

Ivy disse...

Não é querer ser "puxa-saco", mas foi a coisa mais intensa que eu li nos últimos tempos.
Me fez bem o teu "ócio criativo". :)

(amiga da Amanda, aproveitando seu tempo vazio na Internet)

Anônimo disse...

Nossa, em dois paragrafos e um pouquinho, tu fez com que a gente visse toda uma relação entre dois seres desmoronar. Realmente muito tri esse teu texto.
See ya later