Acordei tarde, cabeça doída e estômago embrulhado. Deve ter sido porque dormi com a cabeça prensada na parede, pensei eu. Minha cabeça achatada contra uma superfície verde cheia de fotos e recortes explicava os sonhos bizarros e a sensação de meu cérebro estar numa torradeira; o pão já queimando.
(Hoje vai ser mais um dia daqueles. Mais um daqueles dias suspensos, em que acordo com a certeza de que serei convencida de que sou uma farsa. Então a farsa vai pôr mais uma pele de mentiras por cima de si e vai sair por aí, a esmo, misturando personagens e histórias.)
Alguém apertou o botão lá fora e um som ruiu por todo o apartamento. Não quero levantar, meu estômago dói, mas o botão parece que grudou na direção do ruído. Pés descalços, o chão melado do doce que derrubei e tive preguiça de limpar. Dificuldade de achar as chaves... sim, estão em cima da geladeira onde ele sempre deixava, não consegui me desapegar do hábito.
-Talvez você não tenha conseguido se desapegar de muitos hábitos, minha amiga. Só passei aqui pra ver como você está... e pelo visto está em pedaços. Já tomou os seus remédios hoje?
(Meds, meds, meds... you are not her but I care about you...)
A personagem mentiu que tudo já estava sendo devidamente metabolizado pelo seu frágil organismo. E após algumas palavras tolas, sozinha novamente fiquei. Sozinha comigo e com os apegos.
Acho que vou me colar na parede. Talvez estando toda lá, não sinta apenas minha cabeça no meio de uma prensa. E talvez - e só um talvez muito incerto - prensada na parede consiga eu esquecer de quem criou todos os meus apegos.
quinta-feira, junho 19
quinta-feira, junho 5
Thursday.
Thursday I don't care about you.
Thursday doesn't even start.
Thursday never looking back.
Oh thursday watch the walls instead.
And it's not friday and I'm not in love.
The Cure me amacia.
Thursday doesn't even start.
Thursday never looking back.
Oh thursday watch the walls instead.
And it's not friday and I'm not in love.
The Cure me amacia.
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